Gostaria que me explicasse mais a relação entre o pecado e a doença mental.
Quero compartilhar contigo as perguntas feitas por mim e as respostas de um psiquiatra amigo, Roberto Almada, a respeito da tua dúvida, me pareceu bastante satisfatórias.
Não vejo a especificidade da doença mental em relação ao pecado. Nesse caso seria uma das muitas consequências do rompimento do relacionamento entre Deus e os homens, dos homens entre si e dos homens com a natureza. Como em qualquer doença.
Nesse caso específico à pessoa é esquizofrênica; casado, teve um filho que morreu com a mesma doença? Sim! A doença mental é uma desordem da estrutura da consciência psicológica. E a desordem é fruto do rompimento original. Sim! Tem o fator hereditário.
Mas essa pessoa doente está em pecado? É então consequência do pecado?
Absolutamente,
não! Exatamente, é uma pessoa que sofre as consequências do pecado.
A pessoa doente dificulta para ela responder ao amor?
A pessoa doente dificulta para ela responder ao amor?
É que a doença o envolve
completamente, também a consciência. Portanto a sua consciência de pecado pode
ser que esteja doente também.
E esse condicionamento influencia na plena liberdade e consentimento da pessoa, atenua o pecado? O doente sente mais que a pessoa normal?
Certo! Mas sente mais a
consciência do pecado. Em certas doentes depressivas. Sim!
Busquei no Youcat (Catecismo jovem): O que é o pecado?
Busquei no Youcat (Catecismo jovem): O que é o pecado?
“O cerne do pecado é a
rejeição de Deus e a recusa de aceitar o Seu amor. O pecado é mais que um
comportamento errôneo; é também uma fraqueza física. Na sua natureza mais
profunda, essa rejeição ou destruição de algo Bom é a recusa do bem por
excelência, isto é, a recusa de Deus”. N. 67
Somos coagidos a pecar?
“Não. Todavia, o ser
humano está profundamente ferido pelo pecado e inclinado a pecar. Não obstante,
é capaz de fazer o bem com a ajuda de Deus”. É possível viver sem pecar. Na
realidade, porém, pecados constantemente pelo fato de sermos fracos, ignorantes
e seduzíveis. Um pecado forçado não seria, aliás, um pecado, porque a liberdade
de escolha faz sempre parte do pecado”. N. 69
Nesses últimos anos passei pessoalmente por doença grave, e confesso que num primeiro momento até fiquei de birra com Deus, achando que Ele tinha me puxado o tapete, mesmo porque eu tinha consciência clara de não ter cometido nenhum pecado grave.
Uma coisa muito importante nessas ocasiões é dar a pessoa doente todo o apoio necessário, familiar, psicológicos, e com os amigos, claro evitar ao máximo abordar o assunto a não ser que a pessoa interessada queira falar a respeito.
Sei muito bem que qualquer tentativa de justificar a doença pode se torna conversa enfadonha e cansativa, particularmente para a pessoa que sofre. No entanto, sabemos que a amor pode curar todo tipo de feridas. Será o nosso amor sem medida que ajudará na cura. Mesmo porque é sempre uma doença contra o corpo do outro que é também o nosso.
Pedro
Arfo
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