sábado, 17 de novembro de 2012

AMOR QUE CURA

Gostaria que me explicasse mais a relação entre o pecado e a doença mental.   

Quero compartilhar contigo as perguntas feitas por mim e as respostas de um psiquiatra amigo, Roberto Almada, a respeito da tua dúvida, me pareceu bastante satisfatórias.

Não vejo a especificidade da doença mental em relação ao pecado. Nesse caso seria uma das muitas consequências do rompimento do relacionamento entre Deus e os homens, dos homens entre si e dos homens com a natureza. Como em qualquer doença.


 Nesse caso específico à pessoa é esquizofrênica; casado, teve um filho que morreu com a mesma doença? Sim! A doença mental é uma desordem da estrutura da consciência psicológica. E a desordem é fruto do rompimento original. Sim! Tem o fator hereditário.

Mas essa pessoa doente está em pecado? É então consequência do pecado? 
Absolutamente, não! Exatamente, é uma pessoa que sofre as consequências do pecado.

 A pessoa doente dificulta para ela responder ao amor?
É que a doença o envolve completamente, também a consciência. Portanto a sua consciência de pecado pode ser que esteja doente também.

E esse condicionamento influencia na plena liberdade e consentimento da pessoa, atenua o pecado? O doente sente mais que a pessoa normal?
Certo! Mas sente mais a consciência do pecado. Em certas doentes depressivas. Sim!

Busquei no Youcat (Catecismo jovem): O que é o pecado?
“O cerne do pecado é a rejeição de Deus e a recusa de aceitar o Seu amor. O pecado é mais que um comportamento errôneo; é também uma fraqueza física. Na sua natureza mais profunda, essa rejeição ou destruição de algo Bom é a recusa do bem por excelência, isto é, a recusa de Deus”. N. 67

Somos coagidos a pecar?
“Não. Todavia, o ser humano está profundamente ferido pelo pecado e inclinado a pecar. Não obstante, é capaz de fazer o bem com a ajuda de Deus”. É possível viver sem pecar. Na realidade, porém, pecados constantemente pelo fato de sermos fracos, ignorantes e seduzíveis. Um pecado forçado não seria, aliás, um pecado, porque a liberdade de escolha faz sempre parte do pecado”. N. 69

Nesses últimos anos passei pessoalmente por doença grave, e confesso que num primeiro momento até fiquei de birra com Deus, achando que Ele tinha me puxado o tapete, mesmo porque eu tinha consciência clara de não ter cometido nenhum pecado grave.

Uma coisa muito importante nessas ocasiões é dar a pessoa doente todo o apoio necessário, familiar, psicológicos, e com os amigos, claro evitar ao máximo abordar o assunto a não ser que a pessoa interessada queira falar a respeito.

Sei muito bem que qualquer tentativa de justificar a doença pode se torna conversa enfadonha e cansativa, particularmente para a pessoa que sofre. No entanto, sabemos que a amor pode curar todo tipo de feridas. Será o nosso amor sem medida que ajudará na cura. Mesmo porque é sempre uma doença contra o corpo do outro que é também o nosso.


Pedro Arfo

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