quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A ESPERANÇA CURA, A DESESPERANÇA ADOECE-NOS

É preciso dar mais tempo ao encontro com outros e com Deus: O nosso ativismo às vezes é uma barreira na relação. Precisamos de uma pedagogia da audição, de nos escutarmos mais uns aos outros: há demasiada vida calada, vida submersa.

“Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38).

No livro lançado por esses dias sobre “A infância de Jesus”, Bento XVI mostra como Bernardo de Claraval ilustrou de forma dramática o aspecto emocionante desse momento. Depois do fracasso dos primeiros pais, o mundo inteiro está as escuras sobre o domínio da morte.

Agora Deus procura entrar de novo no mundo; bate à porta de Maria. Tem necessidade do concurso da liberdade humana: não pode redimir o homem, criado livre, sem um “sim” livre a sua vontade.

Ao criar a liberdade, de certo modo, Deus se tornou dependente do homem; o seu poder está ligado ao “sim” não forçado de uma pessoa humana.

Ora Bernardo afirma que, no momento do pedido a Maria, o céu e a terra como que suspendem a respiração.

Dirá “sim”?!

Ela demora. Porventura lhe será obstáculo a sua humildade?

Só por esta vez – diz-lhe Bernardo – não sejas humilde, mas magnânima! Dá-nos o teu “sim”!

Esse é o momento decisivo, em que dos seus lábios, do seu coração, surge a resposta: “Faça-se em mim a tua Palavra”.

É o momento da obediência livre, humilde e simultaneamente magnânima, na qual se realiza a decisão mais sublime da liberdade humana.


Pedro Arfo

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